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borboleta azul.

O projeto Borboleta Azul nasceu de um encontro aparentemente casual, que com o tempo revelou-se profundamente simbólico. Tudo começou ainda no Brasil, durante uma conversa com uma curadora sobre a possibilidade de realizar uma exposição com algumas obras que eu havia criado naquele momento. Em meio à troca, ela comentou que uma das peças lhe lembrava uma borboleta azul rara. A observação me despertou a curiosidade, e foi o início de uma jornada inesperada.

Fui investigar aquele ser alado e descobri algo que me marcou profundamente: a borboleta-azul vive apenas nove dias após completar sua metamorfose. Mas antes de alcançar sua forma esplendorosa, o ciclo de vida dessa espécie é absolutamente fascinante. Os ovos são depositados sobre uma flor chamada genciana-das-turfeiras. Quando eclodem, as larvas se alimentam da flor e acabam caindo no solo. Lá, são encontradas por uma espécie de formiga chamada Myrmica, que, enganada por sinais químicos, as leva para dentro do formigueiro. No interior da colônia, as larvas se desenvolvem, protegidas, até emergirem meses depois como borboletas azuis, em sua breve, vibrante e efêmera existência.

Essa efemeridade, tão frágil quanto potente,  despertou algo profundo em mim. Comecei então um mergulho poético, quase obsessivo, no universo da borboleta-azul. Não apenas sob uma perspectiva biológica, mas também simbólica: ela passou a representar a transformação, o tempo, a memória, o renascimento e a urgência da vida. Cada descoberta alimentava minha prática artística, e rapidamente essas ideias começaram a tomar forma em imagens, cores e volumes. Foi assim que surgiu a série Borboleta Azul: um conjunto de pinturas e esculturas que traduzem essa investigação sensível sobre o transitório, o invisível e a beleza que habita o instante.

A obra Origem (2017), primeira peça desta série, hoje integra o acervo do Museu da Vila Velha, em Vila Real, Portugal.

© 2025 · Carlos A. Motta · Visual artist

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